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19-10-2005

Reflexões sobre uma derrota anunciada


Autárquicas - Oliveira do Bairro

Consumou-se o esperado. A vitória do PSD foi oferecida pelos erros cometidos pelo CDS na sua avaliação pré-eleitoral.

Falhou candidata indigitada, falhou a Comissão política e falhou principalmente o antigo Presidente Camarário.

Começamos por este. Agarrado ao poder em virtude de muitos anos o ter exercido, não conseguiu superar o facto de ser substituído. Ainda que venha a dizer que quis largar o poder, a verdade real é que já não tinha dinâmica suficiente para mais um mandato. Seus auxiliares directos em rota de colisão, também contribuíram para o desfecho final. É do conhecimento público do seu Vice-Presidente e do Sr. Eng. Responsável pelas obras, em serem o continuador no cargo. As “lutas palacianas” e alguns dissabores da vida pública tornaram impraticável esta substituição, ajudada por uma não definição ao longo do tempo de quem era realmente o número dois. É conhecida a afirmação de que “não serei mais segundo de ninguém”.

Pelo seu comportamento centrista e autoritário, pelos conflitos que gerou nas Assembleias Municipais, pelo temor que os seus apoiantes lhe tinham, pelos rancores que foi amealhando durante os longos anos de poder, compreensível e justificado, a antiga presidência camarária estava esgotada. Não teve discernimento suficiente em perceber que o seu ciclo estava terminado e que deveria passar o poder com decoro. Quis mantê-lo até ao último dia para realizar as grandes obras do Troviscal e os grandes monumentos épicos do passado ultramarino, e com isso prejudicou profundamente, a sua futura sucessora. Deixou-se, puerilmente, levar pelos bajuladores do poder, que, num último momento, tentavam obter os benefícios ainda possíveis, vide segundo campo relvado do Oliveira do Bairro.

Falhou a candidata oficial, quando candidata não se mostrou forte na dinâmica interna da Câmara. O não ter conseguido estabelecer uma relação de futura dirigente com o antigo Presidente, deu a perceber uma certa fragilidade do seu conteúdo político. Ao não ter tido a sua opinião política e ao não fazer passar as suas aspirações na resolução dos problemas emergentes de campanha, deu ao eleitorado uma imagem de subserviência e continuismo. Deveria impor-se. Mostrar que o futuro passava pela sua mão e as situações existentes deveriam ter o seu aval. Afinal, o que queria o presidente era perpetuar a sua imagem, fazendo passar o seu poder e estabelecendo uma verdade pessoal e inexistentes. “Comigo não haveria derrota”. Doce engano. Seria maior.

Falhou a candidata oficial quando não soube avaliar correctamente a sua Comissão Política e o seu “núcleo duro” de campanha. Apesar de avisada várias vezes, não teve a capacidade de inverter a situação para permitir que novas ideias e atitudes pudessem refrescar a sua campanha. A eficiente “blindagem” a que foi submetida a candidata oficial pela sua Comissão Política, que justifica-se em razão dos sonhos políticos dos seus componentes, que nunca tinham exercido qualquer actividade autárquica e viam nesta oportunidade a concretização do seu sonho, e a proposta apresentada pela mesma, já desfasada no tempo e espaço, - (promessa de muros, asfalto e calçadas à porta) deram a entender uma perspectiva política de imediatismo eleitoral em detrimento de grandes objectivos políticos.

A fase da promessa vá de apoio institucional a tudo e a todos cai no ridículo da falsidade, visto não ter a Câmara poder financeiro para cobrir todas as promessas.

Falhou a candidata oficial, quando não conseguiu gerir a contento, os problemas oriundos da campanha. A injustiça feita ao filho do Professor Silas no Troviscal, com repercussão no número de votos desta vila, a traição à União Desportiva de Bustos, com repercussões (perda de cerca de 400 votos na Junta de Freguesia e 350 para a Câmara Municipal), e a troca e esquecimento do Sr. Paulo Martins em Oiã, o dono dos votos na região e não o Vice-Presidente da Câmara ou o Presidente da Comissão Política, Concelhia, com perda de 700 votos para a Câmara (comparar com o número de votos no Silveiro), foram factores determinantes no resultado final. Faltou a atitude de confronto com o presidente e a marcação de uma posição oficial e pública perante os protestos. Manter-se na expectativa, com resoluções “a posteriori”, demonstraram insegurança.

Falhou profundamente a Comissão Politica quando fez “tábua rasa” no apoio ao Presidente e abandonou a candidata oficial. Sendo dependente do Presidente e mudando de opinião conforme o humor do Presidente, pecou em várias ocasiões por ser um porta-voz presidencial. Pecou quando contactou as pessoas. A inclusão do Presidente da Comissão Política Concelhia na lista de vereadores, com os pelouros do desporto e da cultura, em detrimento do Sr. Paulo Martins, já referenciada acima, mostra o oportunismo político da situação. Faltou uma avaliação real e pessoal das pessoas capazes para o cargo. Mais um exemplo da blindagem da cidadania. Tinha consciência da má escolha, mas precisava do trabalho braçal para a campanha.

Falhou profundamente a Comissão Política quando fez passar a mensagem em relação à União Desportiva de Bustos que o futebol não valia mais de 100 votos. Equivocou-se. Valeu mais, e quase tira a Presidência da Junta ao actual Presidente, e por continuidade retirou a possibilidade da candidata oficial.

Falhou profundamente a Comissão Política quando não apresentou um programa de governação consistente. Repetir antigas promessas, falar em piscinas, prometer facilidades autárquicas, fazer muros, embelezar calçadas e apoiar indiscriminadamente no mesmo ano todas as associações, é fazer política dos anos outrora ultrapassados. A falta de um programa consistente, com objectivos alcançáveis nos próximos quatro anos, apoiados em dados confiáveis, e com pessoas capazes era importante após a última gestão autárquica pois iria fazer a diferença.

Falhou a Comissão Política, quando escolheu os “cabeças de cartaz”. Agora, vão culpar as pessoas escolhidas por ela, Comissão Política. Vão dizer que não cumpriram o prometido. Vão dizer que faltou responsabilidade política. Vão dizer que não deram tudo. Vão dizer que se acomodaram. Vendeu a Comissão Política durante toda a campanha que a vitória era líquida e certa. Que as sondagens davam vantagem de 15 pontos percentuais. A política é como o futebol, o resultado só no fim.

Ganhou o PSD quando explorou os pontos fracos do adversário. A candidatura ganhava força a cada momento mais infeliz do CDS. Começou a ganhar maior protagonismo com as Assembleias Municipais. As atitudes finais do Presidente actual foram exploradas ao extremo. As demonstrações de força do mesmo eram tema de conversa em vários logradouros públicos.

Continuou a crescer a candidatura, quando deu ouvido ao injustiçados. Escutou as suas queixas e veio a praça pública falar da sua justiça. Comprometeu-se com uma resolução. Continuou a crescer, quando apresentou um programa eleitoral mais preparado e mais consistente.

Continuou a crescer quando o seu candidato, já mais adaptado ao jogo político e mais liberto em tons de oratória, se aproximava mais das pessoas e dava a sua presença para a resolução dos problemas. Soube utilizar o tempo na última semana, fechando acordos importantes, que assumiu pessoalmente. Os reclamantes encontraram o “guichet de reclamações aberto” e com uma pessoa atenciosa a recebê-los.

Venceu o PSD pela luta que travou. Foram persistentes. Vamos agora avaliar se o Presidente que se despede foi realmente um bom gestor, como sempre anunciou. Vamos ter a verdade contabilística dentro em pouco. Vamos avaliar o tamanho da dívida. Vamos saber em quanto estará comprometido o próximo orçamento. Com a candidata oficial no poder, as verdades seriam atenuadas. Com o PSD no governo, a realidade vai aparecer e vamos aplaudir ou apurar a última gestão camarária.

Vamos, agora, observar as Assembleias Municipais. Acreditamos que terão outro conteúdo, outra forma e outra disciplina.

Todos aqueles que, directa ou indirectamente, participaram nesta eleição, com maior ou menor envolvimento, desejavam e desejam um Concelho melhor, com maior equidade, em melhor desenvolvimento e gestão, um progresso sustentado e uma participação cívica ao nível dos seus habitantes.

Fernando Vieira*


*Presidente da direcção do Bustos Futebol Clube e membro da Assembleia Municipal, eleito na lista do CDS, em 2001.


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